Vampiro Abel Hoergaarden

Vampiro Descrição

Vou deixar registrado aqui meus feitos, minhas perdas e conquistas durante todo este
meu tempo de "vida", até as noites atuais. Minha memória não é mais a mesma, mas
sempre registro como este de agora, mas este será um pouco diferente. Vou contar
sobre minha pessoa, minhas antigas e até a atual não-vida que eu levo entre os de
minha espécie e entre os mortais.

Meu nome verdadeiro é Thomas Celis. Nasci em um município da província de
Flemish Brabant, na Flandres, uma das três regiões da Bélgica, chamada
Hoegaarden. No ano de 1877 foi o meu nascimento. Meus pais eram agricultores na
época; minha infância foi tentar sobreviver à crise da época e ajudar meus pais e
irmãos. Eu era o do meio entre meus outros três irmãos. Não vou falar deles, porque
infelizmente já não estão mais entre nós. Mas a base é que meus pais morreram por
meios naturais, a velhice humana. Já meus irmãos, todos éramos homens. O mais
velho ficou doente com quase 40 anos, já era casado e faleceu; não tinha cura. O
caçula serviu na guerra e morreu por lá, condecorado como herói de guerra contra
os nazistas. Sim, eu nasci em uma família de judeus.

Em meu crescimento, tive que aprender rápido. Também me casei jovem, tive filhos e
esposa. Aleska Celis, minha amada, filha de um homem talentoso na destilaria local
da cidade. Seu cabelo loiro, escorrido, e seus olhos verdes como a grama de
Hoegaarden. Era linda demais. Me deu três filhos saudáveis na época. Ainda me
lembro de seus rostos, mas meu coração morto nunca os esqueceu. Talvez seja isso
que ainda consigo manter meus pilares emocionais e a humanidade presa a minha
besta interior, minha fome insaciável. Pierre, o mais velho; Orion, o do meio; e minha
caçula se chamava Saphira, como a pedra preciosa. Ambos tiveram suas respectivas
famílias, alguns com bons casamentos, outros nem tanto. A questão é que deixaram
muitos descendentes do meu sangue, e isso eu aprecio bastante. Mas, para eles, na
época, nos meados da Primeira Guerra Mundial em 1918, morri para o mundo
mortal e minha família. Logo vou explicar como aconteceu; foi quando eu ascendi à
casa Ventrue, a elite, os reis dos imortais.

Quando me casei, aprendi tudo sobre a arte de fazer bebidas. Meu sogro na época era
meu mentor na arte da destilaria. Aprendi como os negócios funcionavam, outro
ramo, diferente da agricultura. Levei minha vida naquela época a crescer junto com
aquele homem e futuramente ser melhor que ele. Só que eu não sabia que o senhor
Cärl era um carniçal do meu atual senhor da casa Ventrue. Logo, com o tempo, com a
morte misteriosa de Cärl, eu que assumi seus negócios. Os irmãos do mesmo
tentaram, mas de certa forma, na mesma época, eu conheci a figura que me inspirou
à imortalidade. Ele era de Amsterdã e se chamava Johannes Baptiste, e quem
financiava por detrás tudo da destilaria, que na época eu tinha mudado o nome para
White Celis. O velho imortal era dono de quase todos os comércios nessa pequena
cidade; quase tudo tinha sua influência e aos poucos ele foi me mostrando e me
ensinando, sem eu saber o motivo. Mas algo nele me inspirava a segui-lo e aprender.
Mesmo do seu jeito excêntrico em aparecer sempre de noite; isso era estranho até eu
descobrir sua verdadeira natureza.

De início, foi esquisito demais, difícil de acreditar, e com isso fui aprendendo os
segredos da noite, o clã e a torre de marfim chamada de Camarilla. Os outros, além
do meu senhor, que eu me lembre, só existia mais dois membros residentes, a qual eu
nunca tinha desconfiado na época de que era mortal e jovem. Eu ainda era mortal,
ligado ao seu sangue e mais forte que os mortais comuns. Ele me ensinou sobre o
Agogue do clã, as dignitas e a história do sangue que preenchia minhas veias e que se
eu fosse promissor, teria a chance de ser um Ventrue. Sei que sou descendente de uma
figura inspiratória chamada Hardestadt. Aprendi sua história, seus feitos e suas
falhas. Foi então em 1918 que o clã aceitou o meu abraço e fui transformado em uma
noite de chuva bem fraca. O tempo estava bem nublado e com nevoeiro, lembro-me
como se fosse ontem. Única coisa que fica marcada para o sempre em nossas
memórias e na alma. Dali em diante, eu fui enterrado, meu senhor tinha criado todo
o teatro e meu filho Pierre assumiu meus negócios, mas por detrás eu manipulava
como uma sombra, assumi o posto do meu senhor após ele ter recebido um chamado
do fundador de nossa linhagem em Amsterdã. Meu filho Pierre renovou a White Celis,
com a queda na bolsa de valores meu filho e o que restou de minha família quase
foram à falência, mas eu cheguei como Orion Celis e ajudei como um primo distante
da família deles. Diziam que eu parecia muito com o velho Thomas, mas na verdade
era eu realmente, mas com as habilidades certas eles esqueciam desses
procedimentos. Virei sócio de meu filho, do meu próprio negócio, assim poder ajudar
nas claras e criamos uma cervejaria, além das destilarias e assim em nome da cidade
nasceu a Hoegaarden, a melhor cerveja da região.

Depois transformei meu filho em carniçal, me deu mais netos, mas infelizmente o
tempo o levou para o mundo dos mortos e assumi totalmente mais uma vez nos anos
de 1966. E assim a cervejaria foi se espalhando pela Europa, fábricas e fábricas.
Alianças com corporações de grande renome como a Ambev e assim entramos para o
ramo dos vitoriosos. Nessa época eu já estava vivendo fora, nos Estados Unidos, o país
das oportunidades. Aprendi a falar o inglês e com o tempo, nos anos 90, passei para o
meu outro eu e que carrego até hoje este nome. Me chamo atualmente de Abel
Hoegaarden, dono de uma das maiores cervejarias do mundo. Aos poucos ela me dá
lucros sem mesmo eu precisar me movimentar. A tecnologia e mortais capacitados
fazem todo o trabalho para minha pessoa. Eu fazia parte de uma Conterie em São
Francisco, servindo a Camarilla, mas forcei e tive problemas com alguns membros da
região e a seita em si nem sequer se estendeu para me ajudar; isso incitou a primeira
impressão ruim que tive da seita.

E com isso preferi mudar meus ares. Fui para o sul em um país chamado Brasil. Lá o
povo gosta de cerveja. Isso foi agora pouco em 2015, faz exatamente que junto da
Ambev, trouxe a Hoegaarden para cá. Altos investimentos. Vivo atualmente na cidade
chamada São Paulo. Tive que aprender o português, um pouco difícil, mas pegamos o
jeito e as gírias locais. Sou a sombra da cervejaria mais uma vez. Quem está no lugar
é minha "filha", minha carniçal. Criamos sua identidade, sua história e seu registro de
nascimento. Ele se chama Saphira, assim como eu quis, homenagem à minha pedra
preciosa. Saphira Hoegaarden, filha de Abel Hoegaarden, que está muito "doente"
para assumir a corporação, e sua filha agora assume tudo em seu lugar. E assim sumi
da mídia mais uma vez. Isso eu fiz quando começou o chamado e a nova inquisição
vem nos caçando. Como se tivéssemos voltado à caça às bruxas.

Recentemente, eu descobri que tenho uma bisneta ainda viva. Manipulei de todas as
formas, usando minha influência e recursos para ela vir da Bélgica e concluir seus
estudos aqui. Quando a vi a primeira vez, se meu coração ainda bate, eu não sei, mas
ela é idêntica ao que foi a minha Aleska jovem um dia, minha antiga esposa, amada e
mãe dos meus filhos. Seu nome é Beatrice Celis, ainda carrega o sobrenome de minha
verdadeira família, o meu sangue mortal. A tornei minha propriedade sem ela mesma
saber. É um dos meus pilares, meu ponto fraco, e farei de tudo para tê-la bem e que
traga futuramente mais descendentes do meu sangue. Não sei se tenho outros
descendentes espalhados, mas continuo essa busca. Contratei uma delegada para
ficar de olho em minha bisneta. Gosto dela ao fato de ela cobrir um papel
fundamental nesta cidade suja que é São Paulo, uma das poucas que mantém honra,
fica fora dos padrões dos corruptos que vivem nos departamentos de polícia local.
Luana Alencar é o seu nome. Trabalha para mim sem saber. Ela acredita que
Beatrice é sobrinha de Saphira e por ela ser a "Presidente" da Hoengaarden, tem que
ter uma atenção redobrada.

Minha antiga esposa morreu de uma forma humilhante por resíduos da guerra na
época. Prefiro não comentar esta desonra e por isso os culpados sempre devem ser
punidos. E, por fim, o não menos importante tem a graça de Deus. Aos domingos vou
à missa, na catedral do centro da cidade. O padre Antônio Ferreira, pessoa justa e de
promessas, sabe um pouco dos meus segredos falados no confessionário. Sabe que
não estou "doente" e outros assuntos de que vivi outras vidas no passado. Os anos são
tolices para minha pessoa, mas nunca disse que bebo sangue para saciar a fome que
cresce dentro de mim. Nem a parte que destaca a minha espécie. E hoje em dia não
faço parte de uma Camarilla aqui, nem sei se tem uma aqui, mas vivo minha não-vida
da melhor forma possível e sem ser caçado e destruído.

Atualmente, vivo entre os arranha-céus no centro de São Paulo em uma das melhores
coberturas. Claro que a minha tem proteção reforçada com a tecnologia atual e meus
empregados domésticos que vêm duas vezes por semana para deixarem tudo limpo e
organizado como eu gosto. Raramente eu levo "comida" para casa. Eu, por debaixo
dos panos, financio alguns partidos políticos a qual eu acredito ter lucros de retorno
para uma de minhas contas bancárias com diversos nomes e identidades
diferenciadas.

Beber a grandes tragos extingue a sede; beber em pequenos goles prolonga o prazer da
bebida. Assim é também com relação ao prazer do vitae. E com tudo o mais na vida.
Abel Hoegaarden, Diretor Corporativo.

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