Vampiro Adry

Vampiro Descrição

Ainda me lembro... me lembro do céu nublado... me lembro da neve caindo... me lembro do frio...

Eu morava com meus pais em um vilarejo perto da floresta, onde o frio predominava. No chão e no telhado das casas eram cobertos pela neve, assim como nos galhos das árvores.

Todos os dias, eu ouvia diferentes barulhos que vinha da floresta, o que me despertava o interesse, mas no qual eu era proibida de ir. Porém em um certo dia, pela manhã, antes de todos acordarem, fui em direção do lugar que me atraía. Ao correr entre as árvores, senti enfim, que estava onde sempre quis, até que...

Ouvi um rugido fraco vindo de não muito longe dali. Um pouco assustada, decidi investigar o que era, me deparei com um lindo tigre branco. Ao chegar perto, percebi que uma de suas patas traseiras estava machucada, tinha sangue em seu pêlo e na neve em volta, imagino a dor que ele está sentindo e por tal motivo não conseguia se levantar, talvez seja essa a razão para ele me deixar chegar tão perto, minha presença, no momento, é despreocupante, não sei o que fez isso nele, mas certamente estava fuindo de algo.

Não suportei ver sua agonia, arranquei um pedaço de pano do meu vestido e o molhei com a neve, passei em sua ferida delicadamente, depois arranquei outro pedaço de pano e enfaixei sua pata, não sei cuidar de feridas como essas, mas espero que isso ajude. Fiquei o observando, até que ele se levantou e olhou para mim, por alguma razão eu não tive medo em nenhum momento, não senti ameaça, ao contrário, senti em seus olhos amarelos que me agradecia.

Depois disso, voltei para casa, ninguém pareceu notar minha ausência, porém o que não sabíamos é que algo repugnante aconteceria em breve. Na noite seguinte, o frio ainda consumia o lugar e o céu estava nublado como sempre, mas algo não estava igual, a floresta calada, parecia que todos os animais se escondiam, como se tivessem com medo de alguma coisa, foi quando ouvimos uivos.

As pessoas se refugiavam em suas casas por causa do medo, papá me dizia para ficar quieta e que tudo ficaria bem, sem entender o que estava acontecendo, assenei com a cabeça. Depois de um tempo em silêncio, começamos a ouvir gritos, eram tantos que não parecia cessar mais. Foi quando percebi que algo atacava nosso vilarejo, então pude ver que uma sombra se aproximava da porta, meus pais me protegiam tentando me esconder, e por isso, não conseguia ver quase nada.

Em questão de segundos, algo entra na casa destruindo a porta, pelo barulho e a sombra parecia que era um animal muito grande, ele se aproximava cada vez mais, a presença aquela criatura me dava medo, assustada fechei meus olhos, nesse momento ouvi uma voz familiar que me dizia, "Corre querida", quando voltei abri-los, vi meus pais sendo atacados por uma espécie de um lobo gigante, com o rosto molhado pelas lágrimas, corri.

Com meu vilarejo sendo atacado, fugi para o único lugar que poderia ir, a floresta, mas um deles me seguia, tentei correr o máximo que podia, em vão. Com suas garras, ele me acertou, me fazendo cair, tentei me virar, deitando na neve. Mesmo já estando gravemente ferida, ele continuou me arranhando, de novo... e de novo, como um predador brinca com sua presa, não conseguia me levantar, não tinha mais forças para controlar meu corpo. Por um instante, o tempo passou devagar, a neve branca que me deitava estava vermelha, o ar gelado tinha cheiro de sangue e através do céu nublado eu pude ver uma estrela brilhar, eu sabia naquela hora que minha vida tinha chegado ao fim...

Mas... derrepente, uma outra criatura surgiu, se movia rápido, tão rápido que meus olhos não podiam focar. Vi ao se aproximar de mim, que sua aparência era humana, sua pele era pálida, mas sua boca estava coberta de sangue, foi quando entendi que ela teria matado o lobo que me atacava, e sem eu esperar, ela me disse:

-- Você está fraca, talvez não sobreviva, mas... -- ela se aproximou do meu pescoço -- eu vou fazer o que posso. Deixarei meu amigo com você.

Senti seus dentes furar minha pele, mas estava muito fraca para resistir, e de pouco em pouco meus olhos se fechavam.

Quando finalmente acordei, me surpreendi ao ver quem estava comigo, aquele que um dia ajudei, agora me protegia, seus olhos amarelos me dava a mesma sensação que me deram da primeira vez, segurança.

Em minha frente, havia um cervo morto, então deparei com a sede que estava. Terá sido ele caçado para mim? Será que ele estava cuidando de mim enquanto dormia? Essas perguntas surgiram na minha mente, mas o que mais me perguntava era o que tinha acontecido comigo, eu estava atraída pelo sangue do animal em minha frente, mas não encontrava a razão.

Depois de me alimentar, da forma que nunca me alimentei antes, pensei no que aconteceu na noite anterior, lembro da criatura que me salvou, lembro do que ela me disse, ela me deu a chance de viver de novo, uma chance que eu não achei que fosse possível, mesmo que eu tenha que viver com essa sede por sangue, eu me saciarei com o sangue daqueles malditos lobos, exterminarei um a um, e a cada lobo que matar, uma pessoa do meu vilarejo é vingada.

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