Vampiro Aldebaran Bruclaydigan

Vampiro Descrição

Bruxelas, 13 de agosto de 1635

Saudações, honrado combatente da Legião negra!

Descrevo-te, oh fiel servo, a maneira como um dia, pela força esmagadora do destino cruel, quando a Providência esqueceu minha vida, e a morte me saudou, na entrada do abismo em que compartilhamos esta maldição, este modo obscuro de sobrevivência na eternidade dentro do tempo comum: A eternidade nos será impossível.

As sombras invadiram minha pacata vida. Quando eu menos esperava, logo eu, um simples vendedor de frutas de um mercado sem importância. Certa feita, um bandido tentou levar meus lucros do dia de feira, mas eu não estava a fim de deixar minha filhinha em casa sem ter o que comer por toda a semana, então revidei o assalto e, no combate, com o meu facão decepei a orelha do sujeito. Ele levou a mão ao corte, apavorado e prometeu vingança, no meio de variadas e horríveis imprecações.

Passado uns meses, quando eu não mais acreditava que aquele infeliz viria cumprir suas ameaças e menos ainda que os Seres Inferiores iriam realizar as severas maldições, quando eu voltava da Igreja, num Domingo à noite, fui surpreendido por uma gangue de seis homens e uma mulher. Naquela escuridão pude enxergar que todos estavam encapuzados, à exceção da mulher que possuía orelhas pontiagudas, olhos brilhantes vermelhos e unhas afiadas. Os encapuzados me rodearam e eu não tive reação alguma. Eles abriram espaço para a mulher passar e, com uma pequena e aguda flauta feita de bambu, tocou a música mais suave que já ouvira. O encanto da canção fez com que a lua ficasse vermelha aos meus olhos, os encapuzados pareceram espectros brancos, e a feiticeira se aproximava paulatinamente, quando finalmente meus sentidos me abandonaram.

Quando abri os olhos estava deitado amarrado ao luar, ao lado de uma fogueira, ainda rodeado pelos seis homens e, agora surgiu outro homem. Sua silhueta me mostrou uma adaga na mão e, quando foquei no rosto, percebi que o homem tinha apenas uma orelha. Era o ladrão maldito. Rapidamente ele se aproximou e sussurrou:

- Você pensa que eu vou lhe matar? Acertou! Mas não é só isso...

E então enterrou a adaga no meu peito. Senti uma pancada muito forte e, de repente, a minha respiração começou a falhar. Fui assassinado.

Mas infelizmente não era o fim da linha para mim. De alguma maneira miraculosa - ou demoníaca- a mulher de olhos vermelhos me acordou do meu descanso, me deu de beber do seu próprio sangue e disse:

- Seu inimigo não apenas lhe tirou a vida, mas lhe condenou a uma morte amaldiçoada, sem descanso nem redenção. Você agora pertence às trevas.

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